segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Desigualdades e Desequilíbrios

Existe na Terra uma acentuada desigualdade entre o crescimento material e a evolução espiritual. Esses dois tipos de desenvolvimento, que alavancam a humanidade, possuem movimentos defasados, que alteram significativa­mente o equilíbrio no planeta.

A espiritualidade, que devia ser a tónica da força do homem, capaz de ajudá-lo a vencer suas imperfeições, é deixa­da em segundo plano, sendo amplamente suplantada pelo ego.

Por outro lado, os bens materiais passam a receber maior atenção, em comportamento justamente embalado pelo ego, que ativa a vaidade numa competição desumana, com retórica de pseudoprogresso.

Sendo assim, o crescimento material cresce de forma acelerada, não sendo acompanhado devidamente pela evo­lução espiritual, em movimentos que na prática deviam ser, no mínimo, equalizados.

O resultado disso é que o homem se vale de instrumentos materiais avançados sem ter a capacidade espiritual de utili­zá-los de modo sensato. Daí as frequentes agressões ao meio ambiente, disponibilidade constante de ferramentas de des­truição, ambição inconsequente, diferenças sociais arraiga­das, racismo e interpretação espúria dos valores religiosos.

O homem faz, e reafirma, tudo o que não devia fazer. E as consequências disso não são tão imprevisíveis assim. Portanto, preparem-se. Preparem-se para os tempos que virão. Em que as variações climáticas não serão tão equili­bradas quanto antes, e as agressões em larga escala não serão tão localizadas geograficamente quanto eram.

Peçam a Deus que os ajude, que os abençoe. Mas sejam dignos do que estão pedindo a Ele, promovendo uma intensã e irreversível reforma interior em seus espíritos. Sejam fortes quanto a isso e, com a ajuda de Deus, serão fortes lambem para atravessarem as dificuldades futuras.

Livro Vozes do Universo, Espírito Horus/Médium Hur-Than de Shidha

A Demora Ensina

Muito se tem falado sobre a paciência e pouco os homens desejam ouvir a respeito. Ouvem, mas não incorpo­ram os ensinamentos, como eles não lhes fossem dirigidos. Continuam a agir do modo como lhes convém, perdendo inúmeras oportunidades por não terem a humildade e a sabedoria de saber esperar.

Em seu mais estrito senso, a pressa não é apenas inimi­ga da perfeição, ela é, principalmente, avessa à razão. Quem lhes garante que os objetivos que não atingiram hoje seriam o melhor para suas vidas? As bases seriam sólidas? Ou esta­riam construídas sobre os pilares da dúvida e da ansiedade? Pensem a respeito de como poderiam ser frágeis.

Saibam que se tiverem confiança em Deus e força de vontade, poderão transformar os insucessos presentes em ensinamentos, construindo o êxito que almejam. Pois o período de espera é uma escola destinada a formar bem-sucedidos. Não vejam a demora em atingir seus objetivos apenas como provação. Vejam-na muito mais com os olhos da confiança, de que Deus está lhes concedendo bases resis­tentes para um futuro de vitórias duradouras. Meditem e confiem, pois nunca se sentirão abandonados pelo Pai quan­do plantarem as sementes da razão.

Livro Vozes do Universo, Espírito Jonas da Jordânia/Médium Hur-Than de Shidha

Em Busca de Fenômenos

Sentadinho no seu toco, afastado do médium que lhe deveria servir de instrumento encarnado, o Preto-Velho deixava suas lágrimas rolar rosto abaixo. Observando agora calado, estava cansado e já esgotara seus argumentos junto aquele moço que usava o nome de seu protetor, para dar passagem à sua vaidade.

Depois de uma mediunidade reprimida por longos anos, o rapaz que já havia passado por inúmeras Casas Espíritas, achou interessante o trabalho que se fazia nos terreiros de Umbanda e resolveu assumir sua mediunidade que a tanto lhe pediam que fizesse.

Entrou para o curso que a Casa oferecia, onde se pretendia educar os médiuns, discipliná-los para que se tornassem bons instrumentos. Mas na verdade o que lhe atraía mesmo eram os rituais, as incorporações, o toque dos atabaques...

Depois de trabalhar como cambone por algum tempo, seu Preto-velho, feliz pela aceitação do aparelho, se chegou e por alguns anos trabalharam em perfeita harmonia auxiliando os necessitados, exercendo a caridade tão útil e necessária para ambos.

Certo dia um amigo lhe convidou para ir com ele consultar uma tal de “Cigana Flor”, que segundo ele, lia as mãos e também as cartas e que desvendava o futuro de qualquer pessoa.

Quando recebeu o convite, quase recusou, lembrando das palavras de seu protetor preto velho que sempre aconselhava os consulentes, evitarem buscar milagres fora de si mesmos, mas a curiosidade foi mais forte e se deixou vencer por ela.

Pagando para isso, ouviu da “Cigana” o queria ouvir para inflar seu ego. O local já instigava ao mistério, pois além do ambiente muito colorido, exalando o cheiro forte de incenso, ela mantinha amuletos variados dependurados pela “tenda”, o que criava um certo temor.

Muito bonita, vestia-se exoticamente como cigana e mantinha um sorriso teatral no rosto. Além de muitas adivinhações de seu futuro, ela afirmou que o rapaz tinha um cigano como companheiro espiritual com o qual deveria passar a trabalhar, e que isso lhe traria um sucesso material certo.

Como tudo o que se afiniza conosco, encontra ressonância em seu ser, aquilo começou a incomodar a sua mente, tirando-lhe o sono e começou a sonhar com dias propícios, com viagens, com bens materiais que com certeza, o emprego de simples funcionário público não lhe daria no futuro.

Durante o sono, o bondoso Preto-Velho tentou lhe arrancar deste estado hipnótico, porém seu esforço foi em vão, pois o rapaz retornou ainda à cabana da “Cigana Flor” e em cada vez sua energia se afinizava mais com as entidades que lá estavam e cujo malefício, ele ignorava.

Daí em diante, pela faixa vibratória em que adentrara, tornou- se impossível a aproximação do espírito cuja missão era de reencaminhar aquele ser encarnado, tantas vezes falido.

Continuando a freqüentar o terreiro de Umbanda, o rapaz não se deu conta da diferença energética das vibrações que agora recebi a. Hipnotizado e conduzido pela entidades que buscou exercendo seu livre arbítrio, agora era escravo deles e mesmo pensando que era seu Preto-Velho a quem dava passagem, na verdade estava sendo médium das trevas.

O dirigente da Casa, orientado pelo seu guia, iniciou um chama- mento de atenção à corrente mediúnica, esclarecendo sobre o perigo de cada um deles em servir de “braço para as trevas” dentro do terreiro. Alertava sobre a fé racional, e a importância de se evitar os fenômenos em detrimento da simplicidade que deveria se revestir a caridade.

Além disso, o Guia Chefe, incorporado, por várias oportunidades chegou a pedir que os médiuns que estavam buscando outras bandas, que tivessem o bom senso de escolher o lado que queriam seguir, para se evitar que a dor viesse como chamamento à realidade. Indiferente, mesmo com a consciência pesada, ele prosseguiu qual animal em busca do corredor do matadouro.

Nesta noite porém, por ordem dos Superiores que mantinham a proteção daquele terreiro, seria dado uma chance àquele espírito orgulhoso que se fingia de Preto-Velho e que agora se dizia mentor do rapaz. Ele seria instigado a desvendar a máscara e assim se fez.

Quando os atendimentos encerravam e através das preces cantadas e pontos riscados foram feitos campos de força no plano astral, impedindo que aquele espírito pudesse sair livremente dali. Grudando-se ao médium, ele manifestou toda sua ira e o baixo nível em que se encontrava. Desafiou a luz e a direção da Casa, dizendo que ali entrava qualquer um e fazia o que queria e que ele iria se instalar com toda sua falange, para mostrar como se fazia magia de verdade.

Sob o comando de Ogum, os guardiões Exús atuaram após a tentativa inútil de diálogo com a entidade, afastando-o do ambiente. O médium por sua vez, após a desincorporação de seu “amigo”, tentando se justificar, fingiu passar mal.

Atuando em outro aparelho disponível, seu verdadeiro protetor agora manifestava-se para dizer a ele que, para sua tristeza, a escolha fora feita e que pelas cores exaladas, seu corpo energético demonstrava que ele não estava arrependido do consórcio que fizera. A partir de então, liberava-o para seguir seu caminho e solicitava ao dirigente do terreiro que desligasse o médium da corrente, pois uma fruta podre pode estragar o cesto todo.
Indignado, o rapaz agora saía do ambiente dizendo palavrões e impropérios à toda corrente, demonstrando suas verdadeiras intenções, prometendo mostrar o poder que tinha. Seus afins espirituais o esperavam na rua e o intuíram a buscar naquele momento mesmo a “Cigana Flor”.

Desequilibrado e sob a influência do mal, passou num bar para beber e quando saía dali, já tonto, encontrou na porta aquela que se passava por “Cigana”, acompanhada de seu atual namorado. Sem pensar muito, barrou a moça, agarrando-se no seu braço e dizendo que ela fosse para casa para atendê-lo. Por sua vez, o namorado da moça, o qual também estava com companhias espirituais nada recomendáveis, envolvido pela energia brutal dos mesmos, enciumado, virou-se e deferiu vários golpes contra o rapaz que desacordado foi levado ao hospital e não resistindo, desencarnou.

Em tal estado vibratório, se viu fora do corpo sendo arrastado pelos “amigos” que fizera nos últimos tempos no lado espiritual e que sabendo de sua mediunidade, agora o levavam como escravo, para as zonas umbralinas mais densas.

Mais uma vez a falência daquele espírito. A vaidade, o orgulho, o materialismo, a soberba. Sementes que trazemos adormecidas em nosso espírito e que se adubadas podem invadir a lavoura do bem, sufocando e matando qual erva daninha. A nós cabe a escolha de priorizar o bem ou o mal, sabendo que tudo na vida tem um preço a ser pago.

Seu protetor Preto-Velho, atua ainda na Umbanda através de outro instrumento que lhe faz jus, mas não se cansa de descer às zonas mais densas em busca do arrependimento de seu pupilo, pois sabe que um dia ele virá.

E nova tentativa se fará, pois a essência de todo homem é o bem. O mal, é máscara transitória que usamos para nos esconder de nós mesmos, pois diante do Supremo somos todos transparentes. Sempre!

História contada por Vovó Benta/Sociedade Fraternal Cantinho da Luz

(Boletim Eletrônico TECL/RJ)