domingo, 20 de janeiro de 2013

A postura de um Médium

Outro dia estava conversando com um amigo sobre a forma com que as pessoas enxergam a Umbanda hoje em dia e, juntos, chegamos à conclusão de que grande parte da culpa de toda essa discriminação que a Umbanda sofre hoje em dia é dos próprios médiuns umbandistas que tem alguns comportamentos bem aquém do que deveriam ter. Não estou aqui pra dizer que sou perfeito e não comento erros e nem pra apontar o dedo para ninguém e dizer que estão todos errados, não é nada disso, vou colocar aqui apenas algumas observações que fiz durante algum tempo e, inclusive, são algumas coisas que preciso melhorar em mim também.


Pra início de história um médium é um canal por onde o mundo espiritual age diretamente no nosso mundo físico e, sendo assim, o médium deveria estar sempre, ou pelo menos grande parte do tempo, em comunhão consigo mesmo afim de manter o equilíbrio do corpo e da mente porém, infelizmente, não é isso o que vemos até com alguma frequência. O que mais vemos são médiuns cometendo algumas barbáries contra o seu próprio corpo e espírito e o mais comum deles é, acredite, frequentar lugares de baixa vibração como bares, casas de jogos de azar (só o nome já diz tudo, não é verdade?) e até mesmo prostíbulos. Não que todo mundo tenha que ser santo, se abster do álcool e deixar de ir à bares para tomar sua cervejinha mas poxa, precisa mesmo ir naqueles bares mais esquisitos da face da Terra e se juntar com pessoas que possuem uma vibração tão baixa que parecem ter escrito na testa a palavra “Problema”? Casas de jogos de azar então são os verdadeiros antros da baixa vibração, onde sempre tem um querendo ver o outro se dar mal para se dar bem em cima da perda. Os prostíbulos então nem se fala, quer um lugar pra dar mais gente de baixa vibração que um prostíbulo? Esses lugares de baixíssima vibração devem ser evitados ao máximo pelos médiuns principalmente porque o Médium de Umbanda sabe exatamente o que vai encontrar ali mas mesmo assim teima em frequentar esse tipo de lugar e trazer pra dentro de sua própria casa, do seu serviço e até mesmo pra dentro do terreiro que frequenta, aquela energia pesada, carregada, negativa que se absorve em um local desses. 

Outro comportamento completamente deplorável na vida de um médium é fazer fofoca, sim, acredite, isso acontece mais do que você imagina. Existem os médiuns de incorporação que são conscientes quando estão trabalhando e, assim que terminam os trabalhos no centro, juntam-se em grupinhos para falar mal da vida dos outros, falar sobre o que foi conversado com a entidade e, sentindo-se os donos absolutos da verdade, aproveitam-se para fazer um julgamento à respeito da vida daquele consulente que foi lá e confiou suas dúvidas e/ou seus problemas ao médium e à entidade que ali presente estava. Como se não bastasse essa fofoca toda à respeito do que foi conversado com os consulentes, ainda aproveitam o grupinho de fofoca para falar mal da vida dos outros médiuns. Que falta de respeito, hein? Imagine agora como ficará a sua consciência sabendo que todo mundo está ali vendo o que você está fazendo e, pior, vendo que você sequer respeita a religião que diz seguir? 

Voltando ao preconceito a Umbanda sofre hoje em dia, me diga você, meu caro Umbandista, o que você acha de uma religião onde as pessoas que deveriam estar ali para fazer somente o bem muitas vezes são as primeiras a espalhar histórias sobre a sua vida, expondo a sua intimidade? Imagine então que você foi à um terreiro, se consultou com a entidade incorporada em fulano e que, no outro dia, esse mesmo fulano estava caído de bêbado em algum buteco da sua cidade? Imagine então encontrar esse médium traindo sua/seu companheira(o) de relacionamento? 

Volto a dizer que não estou aqui querendo pagar de santinho e dizendo que o Médium de Umbanda (ou de qualquer outra religião) deva abdicar de sua vida e diversão para viver em prol da Umbanda mas vamos manter o mínimo de compostura, não é? Quer beber sua cerveja, faça de forma responsável, não precisa beber até ficar em um estado deplorável, caindo pelos cantos. Quer jogar um carteado? Reúna-se com a família e/ou os amigos e faça uma mesa de jogos em casa, sem apostar nada além da própria diversão, pra quê ceder ao vício das apostas? 

Não quero dizer que todo umbandista aja dessa forma, muito pelo contrário, os que agem assim são exceções dentro da Umbanda, mas é fácil ver que os maus exemplos sempre são mais perceptíveis que os bons exemplos, principalmente para quem está de fora, e que essas atitudes acontecem em qualquer religião, porém por a Umbanda ser uma religião de certa forma mais permissiva, tem um potencial maior de ocorrências desses casos e, tudo isso, junto com o preconceito que já existe, acaba por potencializar cada mau ação dos Umbandistas e isso reflete em toda a religião, infelizmente. 

Aprendi desde pequeno e ouço até hoje que respeito não se impõe, respeito se conquista e é através de nossas próprias ações e atitudes que conquistamos o respeito que merecemos. Não adianta nada frequentar um centro espírita, um terreiro, uma igreja ou qualquer outro lugar sagrado se as suas ações depõe contra você mesmo. 

Lembre-se que a forma com que os outros lhe enxergam nada mais é do que o que você mesmo enxerga no espelho de sua vida e que não adianta ter a melhor e mais bonita moldura do mundo se a imagem refletida não é agradável. Guilherme Euler 

Recebido no Boletim Eletrônico do TECL/RJ