Encontrava-me,
certa vez, perto do principal e majestoso chafariz que ornamenta a nossa
metrópole, construído de substância tão nívea quanto o lírio, quando observei
junto a ele alguns espíritos angélicos (que nos visitam) a apreciarem o jorro
de filetes de água tão límpida.
Mas, de súbito, surpreendi-me ao ver aqueles,
quais crianças travessas, a se servirem de sua vontade e poder mental para nos
filetes de água, produzirem mil mudanças de cores até então desconhecidas a mim
e aos outros moradores, que se entusiasmavam com o interessante espetáculo.
Eram de fisionomias sublimes, transbordantes de ternura e alegria infantil,
pois não escondiam o prazer pelo fato de surpreenderem e divertirem os
presentes. Sob influência superior veio-me a mente “Deixai as crianças, e não
as impeçais de virem a mim, porque delas é o reino dos céus”.
Ali eu comprovava
que a alma elevada e sábia se torna cada vez mais simples e terna, pois o
conhecimento incomum que a faz compreender melhor a grandeza de Deus também lhe
demonstra a pequenez da sua estatura. Depois, reuniram todos os seus
pensamentos até formarem um só feixe mental energético; em seguida o mais
sábio, comandou o potencial de energias resultante e fê-lo projetar-se sobre o
lindíssimo repuxo. Surpreso, eu percebera que também me achava ligado àquela
poderosa concentração de forças ocultas.
Na minha tela mental surgiu em seguida
os contornos de um chafariz, mas que pouco a pouco apresentava deslumbrante
transformação. A sua coluna elevada central enverdecia até se constituir em
viva e gigantesca esmeralda; nas bordas inferiores do vaso destacava-se a
figura de formoso colar de contas de cor da ametista; no extremo superior, onde
pequeninas molduras e bicas vertiam fios de água cristalina, vi desenharem-se
rapidamente pequeninos lábios de rubi iluminados. Eu guardava a impressão de
assistir à exibição de um desses estupendos desenhos cinematográficos. Fascinado,
notei que a água se elevava num rendilhado repuxo, mas toda iluminada por
claríssima luz, reverberando em cintilações cor de topázio transparente.
Este
fluxo subia até uns sete metros de altura, para depois cair em torno do
chafariz de modo suave e na forma de névoa dourada, e que se desvanecia numa
delicada fluência rosada. Abrindo os olhos, e ainda elevado pelo espetáculo,
verifiquei que todo o fenômeno ocorrido, na minha intimidade, também havia se
materializado.
O velho chafariz perdera sua antiga cor branca e se me deparava
com todas aquelas cores, sob os pensamentos daqueles excelsos espíritos. Os
chafarizes de nossa metrópole representam fontes centralizadoras de magnetismo
energético, servindo para revigorarem os espíritos recém-chegados e
enfraquecidos pelo processo desencarnatório.
Os seus filetes de água contêm
poderosas energias nutritivas fazendo lembrar os líquidos vitaminados ou as
fontes de água mineral do orbe terrestre. Terminada a maravilhosa demonstração,
um formoso sorriso tomou conta da fisionomia daqueles espíritos angélicos, os
quais se abraçaram efusivamente, felicitando-se entre si, assim como fazem as
crianças após o êxito da travessura genialmente engendrada... Esse chafariz
tornou-se uma atração turística para os espíritos visitantes, das esferas
menores, à metrópole do Grande Coração.
Atanagildo, do livro A Sobrevivência
do Espírito, Espírito Ramatís
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