Catástrofes e Desencarnes em Massa – A Visão Espiritualista
Vez
por outra, a Humanidade, em determinadas regiões do Planeta, chora a dor da
destruição de cidades e a perda dos entes queridos.
Catástrofes naturais ou
acidentais vitimam milhares de pessoas e as imagens televisivas, virtuais ou
impressas nos mostram as tintas do drama de nossos irmãos, enquanto a população
recolhe seus mortos, implorando por auxílio para o socorro aos sobreviventes e
a futura reconstrução de casas, prédios, espaços e repartições públicas.
A
solidariedade fraternal do mundo fica explícita nas ações de grupos estatais e
não-governamentais, que remetem remédios e equipamentos clínicos, bem como
alimentos, água potável, roupas e cobertores, em paralelo aos inúmeros
voluntários das cruzadas de saúde e defesa civil que atendem às vítimas, no digno
exemplo daqueles que se importam com o semelhante e fazem o possível para
minorar a dor alheia.
A filosofia espírita apresenta-nos a destruição como uma
necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, importando no aniquilamento
da vida material, a interrupção da atual experiência.
Há, segundo a cátedra
espírita, as desencarnações naturais, as provocadas e as violentas.
As naturais
decorrem do esgotamento dos órgãos e representam o encerramento programado das
existências corporais, segundo a lei de causa e efeito e o planejamento
encarnatório do ser.
As provocadas resultam da ação humana no espectro da
criminalidade e da agressividade (assassínio, atentados, guerras). As violentas
encampam a ocorrência de catástrofes naturais (enchentes, terremotos,
maremotos, ciclones, erupções, desmoronamentos, acidentes aéreos,
automobilísticos, ferro ou aquaviários, entre outros), sem desconsiderar que a
ação ou omissão humana, em face da ganância, da prepotência e da corrupção,
pode estar entre as causas que geram tais efeitos danosos.
É por isso que em
muitas dessas situações, o nexo causal entre a catástrofe e a ação humana
acha-se presente. Movido por interesses mesquinhos e sem a adequada compreensão
do conjunto (leia-se a contemporânea preocupação com os ecossistemas, a
preservação do meio ambiente), os homens alteram a composição geológica, com
escavações, desmatamentos, aterros e outros mais, e sua imprevidência acaba
gerando as ocorrências das mencionadas catástrofes naturais. Também
podemos mencionar aqui a situação daqueles que, migrando de suas cidades para
os grandes centros, habitam os morros, nas periferias das metrópoles, e, sem a
mínima infra-estrutura, ficam à mercê das primeiras enxurradas, que levam seus
barracos, que fazem desmoronar enormes pedras, vitimando, não-raro, diversas
pessoas. Há, aí, um misto entre o evento natural e a ação humana, como causa
direta do evento fatal.
Nos casos em que subsistem várias vítimas, seja em
pequena, média ou grave dimensão, entende-se que as faltas coletivamente
cometidas pelas pessoas (que retornam à vida material) são expiadas
solidariamente, em razão dos vínculos espirituais entre elas existentes.
Todavia, necessário se torna qualificar a condição daqueles que, por
comportamentos na atual existência, possam sublimar as provas, alterando para
melhor o planejamento vital, garantindo a ampliação de sua permanência no orbe,
redefinindo aspectos relativos à reparação de faltas e à construção e
realização de novas oportunidades.
Eis um caminho para explicar, por exemplo e,
ainda que não definitivamente, a existência de sobreviventes. A compreensão
espírita, calcada no sério estudo e na relação direta entre os fundamentos
filosóficos espíritas e o cotidiano do ser, na análise de tudo o que lhe
rodeia, permite, assim, a desconsideração do termo fatalidade como sendo algo
relativo à desgraça, ao destino imutável dos seres, pois o Espírito,
conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder
ou de resistir.
Então, a palavra destino também ganha um redesenho, para
representar, tão-somente, o mapa de probabilidades e ocorrências da existência
corporal, resultantes, em regra, das escolhas e adequações realizadas
anteriormente à nova vida, somadas às atitudes e aos condicionantes do contexto
atual, onde, com base no seu discernimento e liberdade, continuará o rol de
decisões que levarão o ser aos caminhos diretamente proporcionais àquelas,
colocando-o, sempre, na condição de primeiro e principal responsável por tudo o
que lhe ocorra.
É verdadeiramente por isto que cognominamos o Espiritismo como a
Doutrina da Responsabilidade, porque se nos permite a análise criteriosa de
nossa relação direta com fatos e acontecimentos da vida (material e
espiritual).
Ante eventos como as enchentes em Santa Catarina, da Região
Serrana no Rio de Janeiro, do Tsunami no Haiti e agora o grande terremoto no
Japão e a grande Tsunami que devastou muita coisa, além da possível ajuda
material que possamos, daqui de longe, efetivar, que nossas vibrações e preces
possam alcançar os espíritos socorristas, que encaminham as vítimas
desencarnadas ou seus familiares, as primeiras ao necessário e conseqüente
despertar no Novo Mundo, e as últimas ao esforço para reconstruírem suas vidas.
E que todos eles, despertos e recuperados das mazelas físico-espirituais,
possam compreender, novamente, que o curso da evolução espiritual continua.
Para eles e para nós, que aqui estagiamos.
Cláudia Rinvenuto