domingo, 30 de setembro de 2012

O Mentalismo e a Mediunidade

PERGUNTA: - As tradições antigas da magia afirmam que o Universo é uno: tudo que existe não passa de parte de um "Todo" estupendo. Essa Unidade divina, acima das religiões e religiosidade terrenas, nos assusta, pois a consideramos algo muito abstrato e longe de nós, pessoas comuns. Agrava-se nosso distanciamento porque sempre fomos levados a acreditar que esta ou aquela doutrina é a verdadeira. Se não dispensamos um altar, uma vela acesa ao santo de fé, o passe magnético semanal no centro, os cânticos, as defumações, as contagens de pulsos magnéticos, o estalar de dedos, as preleções evangélicas, a água fluidificada, as essências odoríficas, como aceitar um Deus imanifesto, longe de nossas limitadas percepções?

RAMATÍS: - Vossa incapacidade de compreender Deus em toda a sua plenitude é como a necessidade da inércia e do atrito nos mundos inferiores, que servem para despertar poderes latentes da alma.

Quando um mago tenta, pelo seu poder mental, movimentar uma forma plasmada no Astral, encontrará resistência que deve ser superada. As forças contrárias que o impedem de mover, pelo pensamento, as formas sutis, são proporcionais à sua falta de controle mental.

Logo, o magista, antes do conhecimento das coisas mágicas, da manipulação das energias cósmicas, terá de educar a mente. Embora para o mago neófito isso pareça um mal, na verdade não é; a força de inércia das formas astrais é o que vai levá-lo a desenvolver o controle mental.

Assim, pode vos parecer um mal, na vida física, o atrito de vossos pés com o solo, nos momentos em que sentis dores pelas longas caminhadas; ou quando, ao levantar um fardo pesado, vossa coluna é fisgada de maneira quase insuportável. Tendes de fazer força para conseguir caminhar, pegar os objetos e movimentá-los. O esforço de superar o atrito e a inércia vos desenvolve habilidades. Inicialmente, quando pequenino, mal conseguíeis engatinhar; vede tudo que conseguis fazer agora.

O princípio da restrição funciona na câmara de compressão, no cilindro e no pistão de vossos possantes automóveis; o vapor é posto para trabalhar movimentando vossas embarcações; sem a força no pedal não conseguireis andar de bicicleta, e sem o atrito do ar vossos modelos de aeronaves não planariam, por mais potentes que fossem as turbinas.Portanto, o mal da inércia não é verdadeiramente um malefício, mas uma necessidade do Universo manifestado em que estagiais evolutivamente.

Vossa consciência precisa da força contrária imposta pelas formas manifestadas em vossa dimensão existencial, sob pena de alheamento do espírito enclausurado no corpo denso, que, do contrário, não conseguiria perceber as nuanças da Criação em toda a sua potencialidade.As suas vibrações mais sutis passariam despercebidas pela mente rebelde, qual cavalo solto em correria desenfreada.

As formas que auxiliam a ligação com a Divindade, seja um altar, uma vela, uma imagem do santo de fé, a palavra de um orador, o passe magnético, a água fluidificada, os cânticos, a música instrumental, o pai velho com o galho de arruda, as contagens de pulsos e o estalar de dedos, entre tantas outras, nada mais são do que meios, para vossa sensibilidade embotada, de vos ligardes ao Divino, que não é propriedade de nenhuma religião ou doutrina da Terra, mas de todas ao mesmo tempo. Deus em todas está, por sua onisciência e onipresença, como afirmava nosso irmão maior, Cristo-Jesus, que não participava de nenhuma crença doutrinária de antanho: "Eu e meu Pai somos um". O Rabi não tinha necessidade de pontos de apoio no mundo da forma para perceber o Criador incriado, em virtude da amplidão de sua consciência, adquirida em encarnações passadas em muitos planetas do Cosmo imensurável.


Livro “Vozes de Aruanda”, Espírito Ramatís, Babajiananda, Médium Norberto Peixoto – Ed. do Conhecimento

O Tempo de Deus

"Deus não tem pressa! Mesmo que os meus filhos, que se consideram rebeldes, não atendam de imediato ao chamado da eternidade, Deus sabe esperar. Ainda que nossa fé ameace se apagar, com uma chama que se esvai, Deus espera que nos reacendamos com a força oculta do amor.

Quando os nossos dias parecem muito tumultuados e nossas emoções nos fazem mais sensíveis, Deus sabe esperar. Na verdade, meus filhos, Deus, que é Pai, não espera pessoas capacitadas para servi-lo na tarefa do bem. Sabendo Ele da nossa rebeldia e demora nas decisões, nos utiliza como somos e aos poucos capacita cada um, à medida que surgem as necessidades.

Os bons espíritos não desejam médiuns santos ou indíviduos santificados, sem dificuldades e problemas. Trabalham com aqueles que se disponham a ir em frente, a evangelizar com seus exemplos, duramente conquistados e alicerçados em experiências concretas e dignificantes. Em geral, os santinhos, os bonzinhos ja foram canonizados pela multidão ávida de ídolos e de ilusões.

Nosso Senhor nos disse que não veio para os santos, mas para os pecadores. Não veio para os salvos, mas para as ovelhas perdidas. Pense nisso e não fique por aí cobrando de você mesmo aquilo que ainda não está preparado para dar. Deus não tem pressa; você é que é exigente. E pai-velho pode dizer mais: tanta exigência assim é resultado da imaturidade e de sentimento de culpa.

Deus deu como meta a perfeição, mas estabeleceu como prazo a eternidade e, como companheira dessa caminhada, a paciência, pois Ele sabe que estamos muito distantes do ideal e ainda não atingimos a angelitude.

Deus o quer como humano, não como anjo. É preciso antes humanizar-se para então aperfeiçoar-se.

Os anjos voam longe, e o Pai precisa de você aqui, com os pés firmes no mundo para auxiliá-lo no processo de aprimoramento da humanidade. Seja humano, mesmo com aquelas características que você identifica como defeitos. Não desista, permaneça ligado à fonte do infinito bem e, aos poucos, à medida que sua consciência desabrochar, expandir seus horizontes, você se livrará da carga da culpa e das punições. Trabalhe, ame e prossiga como você está, esforçando-se para melhorar.

Porém, sem essa, meu filho, de ficar lamentando o tempo perdido. Quanto mais você se lamenta, mais deixa de caminhar. Não perca o seu tempo com culpas e desculpas.

Errou? Continue caminhando. Caiu? Levanta-se e prossiga. Não precisa justificar nada, pois enquanto justifica já perdeu maior tempo. Prossiga na certeza de que Deus e os bons espíritos não têm pressa em sua perfeição. O Pai sabe investir no tempo e espera apenas que você dê uma chance a si mesmo e a Ele para elaborar aquilo que, em meio a toda pressa, você esqueceu: sua humanidade. Não deixe de ser humano. Seja você mesmo.

Deus ainda não desistiu de investir em você. Por que continuar teimando em manter este estado infeliz em seus pensamentos e em seu coração?

A hora é de ir avante, continuar trabalhando por dias melhores. Trabalhar, perseverar e não desanimar, ainda que às vezes você ache que não está bem. Está dudo sempre muito bom, meu filho.

É preciso que você aprenda a ver o lado bonito de tudo, em todas as situações. Deus confia em você. Depende de você a confiança em Deus. Tenha certeza de que Ele, o Pai, estará com você na medida exata em que você estiver com Ele."

Espírito Pai João de Aruanda, Médium Robson Pinheiro

A Vida Após a Morte é Obra de Cada Um

Como foi falado no tópico sobre reencarnação, todos temos mais ou menos um tempo de vida, onde foi planejado um conjunto de resgates, encontros, lições e etc.

Esses acontecimentos podem ser entendidos como tendências da sua vida e não como destino, ou seja, tudo isso será atraído para você, os resgates podem ser minimizados ou até evitados pelo seu “estilo” de vida. No caminho contrário, os benefícios podem não chegar até você, pelo mau uso dos bens materiais e espirituais concedidos ou pela cegueira espiritual em que o encarnado se encontra.

O suicida não tem o direito de tirar a sua vida.  Não foi o espírito que criou a vida, a vida é um “milagre” do criador, que dá a oportunidade de crescimento para seus queridos filhos. Somente ele, em sua sabedoria infinita tem o direito de retirá-la.  Com ou sem dificuldades, muito doente ou cheio de vícios e erros, abandonado ou demasiadamente idolatrado... Não existe desculpa para o suicídio.

O espírito ficará em estado de sofrimento e só poderá ser resgatado pelos amigos espirituais quando o tempo estipulado para sua vida terminar.  Isso não é uma regra absoluta, existem variáveis que podem minimizar ou até compartilhar com outros a responsabilidade do suicídio, contudo, isso é o que acontece na maioria dos casos.  O suicida pode ficar ligado aos seus restos mortais e sentir a sensação da decomposição do seu corpo físico, isso acontece porque o fio de ligação não foi devidamente rompido, o corpo está morto para o mundo, contudo, o espírito continua ligado.

O sofrimento após a morte daquele que se suicida não é interminável, mas, para aquele que sofre parecerá não ter fim. A grande maioria entra em estado de loucura, porque revive a todo o momento o ato que realizou. Na sua tela mental ele revive os últimos momentos e sente a dor e o sofrimento que causou a si mesmo. Mergulhando em um mundo de alienação ele não enxerga quase nada a sua volta, não consegue sentir a presença daqueles que o visitam periodicamente para orar em seu favor.

O suicida também é presa fácil dos espíritos trevosos, que sugam sua vitalidade.  Em alguns livros nos é falado sobre o Vale dos Suicidas, lugar para onde são “atraídos” os irmãos que decidem abandonar o corpo pela própria vontade. Após a leitura de vários livros, acredito que os suicidas podem ser levados a diferentes tipos de regiões do astral inferior, tudo depende dos agravantes e atenuantes de sua responsabilidade e dos atos cometidos durante a vida.

Religioso ou Ateu, Rico ou Pobre, Poderoso ou Desconhecido, Médium ou Padre, todo aquele que se suicidar sentirá o peso cruel do próprio ato. Conhecendo ou não o plano espiritual ele experimentará a alienação do seu próprio assassinato.

PARA AQUELES QUE CONHECEM UM POUCO DO PLANO ESPIRITUAL, NÃO ACONSELHO A FICAR PENSANDO.... COMO SERIA BOM IR PARA O OUTRO LADO!!! OU EU QUERO MORRER PARA VIVER NO MUNDO DOS ESPÍRITOS!!!

O pensamento é matéria de outro plano, a vontade do espírito é força criadora, se você pensar em morrer, você acabará morrendo e se tornará um suicida inconsciente, passando pelos mesmo sofrimentos do suicida consciente.

Aqueles que são viciados em álcool, cigarros, drogas e etc, acabam diminuindo o seu tempo de vida, e também estão sujeitos a esse tipo de sofrimento depois da morte. André Luiz, no livro Nosso Lar, mostra com suas próprias palavras o sofrimento de um suicida inconsciente (ele próprio), como era considerado:

" Eu guardava a impressão de haver perdido a idéia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.

Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos.

Desde quando me tornara joguete de forças irresistíveis?  Impossível esclarecer.

Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a  voz estentórica, lamentos mais comovedores, que os meus, respondiam-me aos clamores. Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. Algum companheiro desconhecido estaria, a meu ver, prisioneiro da loucura. Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro. A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de Sol aquecessem de muito longe.

E a estranha viagem prosseguia... Com que fim? Quem o poderia dizer? Apenas sabia que fugia sempre... O medo me impelia de roldão. Onde o lar, a esposa, os filhos? Perdera toda a noção de rumo. O receio do ignoto e o pavor da treva absorviame todas as faculdades de raciocínio, logo que me desprendera dos últimos laços físicos, em pleno sepulcro!

Atormentava-me a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não-ser.  De início, as lágrimas lavavam-me incessantemente o rosto e apenas, em minutos raros, felicitava-me a bênção do sono.  Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação de alívio. Seres monstruosos acordavam-me, irônicos; era imprescindível fugir deles. "
 
9. A Nova Vida para os Assassinos, Caluniadores, etc.

Compartilharei uma conclusão que tive após ler vários livros sobre desencarnação.

Todas as pessoas que prejudicam outras, sentem um “certo” remorso, contudo, a grande maioria ignora essa "voz interior", o impacto dela é muito pequeno, a culpa vem, mas logo o encarnado consegue se desfazer do pensamento, realizando outros atos maldosos ou continuando a sua vida.

Contudo, após a morte tudo fica diferente, não é mais uma “voz interior” e sim um Grito Ensurdecedor da Alma que transfere para o desencarnado toda a consciência de culpa do erro cometido. A sensação de “culpa” dos desencarnados é implacável, ele não consegue mais ignorar esse sentimento, já que não possui mais o corpo físico para aliviar os impactos emocionais.

Bom, podemos concluir então que aquele que prejudica alguém, no fundo, sempre se sente culpado, mesmo que não admita, e é essa culpa a brecha para todos os tipos de sofrimento que ele padecerá, enquanto continuar encarnado e também após o seu desencarne, caso não mude a sua postura.

Vamos então exemplificar no caso do assassino... Se o João mata o Pedro, Pedro continua existindo, só que em outro plano. Se o Pedro for um espírito bondoso e com algum discernimento espiritual ele perdoará João e seguirá o seu caminho, alcançando esferas de luz e amor. No entanto, a “brecha” de João continua e ele será obsediado, através dessa “culpa” interior por espíritos das trevas, que serão atraídos por esse tipo de vibração.

Existem legiões de espíritos que se julgam “justiceiros”, acham que tem o direito de fazer sofrer aqueles que praticaram maldade, seja por motivo de vingança, seja por motivo de justiça. Espíritos amigos nem sempre podem interceder, já que o faltoso tem compromissos graves com as leis divinas.  O João também pode se tornar um joguete de espíritos maldosos que o manipularão para realizar outras maldades, da obsessão se tornará possessão e após a morte o João se tornará escravo desses espíritos manipuladores.

Uma outra possibilidade é Pedro não ser um espírito bondoso, e, se tornar completamente fechado as inspirações de amor e perdão que serão passadas pelos espíritos amigos.  Ele perseguirá João de todas as formas possíveis. Como João possui uma dívida, ou seja, uma brecha cármica com Pedro, aos poucos Pedro conseguirá obsediar João e fará de tudo para que sofra até os últimos dias de sua vida. Provavelmente espíritos trevosos, hipnotizadores, vampiros, obsessores, manipuladores se aproximarão de Pedro, ensinando-o várias técnicas de obsessão.

Pedro esperará João e quando esse morrer, realizará toda sorte de maldades. O fim desse ciclo, que necessitará provavelmente do renascimento do grupo envolvido, só ocorre através do auxilio de instrutores abnegados, que com paciência e amor esperam que os vingadores “cansem” de fazer maldades e que o “faltoso” esteja apto a ser ajudado.

Chegamos a conclusão que aquele que se compromete na Terra por prejudicar alguém sente um peso tão grande da culpa que isso o impede de ser levado para regiões de Luz.

Se desejar mudar o seu destino terá que acordar para a verdade e, além disso, se sentir merecedor de uma nova chance.  

Buscamos mostrar, em aspectos gerais o que acontece, lembrando que cada caso tem suas características próprias.Um assassino pode mudar todo o rumo de sua vida. No caso de se arrepender ele pode dedicar sua vida ao amor, a paz e a solidariedade. Modificando completamente o seu campo vibratório ele poderá modificar a brecha cármica que abriu.  Embora não se eximindo de sua responsabilidade, que um dia será cobrada pela justiça divina, ele prepara a colheita para a vida após a morte, podendo assim receber a ajuda das equipes espirituais. Todos temos a chance de modificar nossas vidas, ninguém nasceu para sofrer, a Luz do Amor Divino pode ser alcançada por todos.  Retiramos a seguinte passagem do livro Voltei, do Irmão Jacob:
 "... Disse que o irmão em crise realmente fora homicida em outra época, mas trabalhara em favor da regeneração própria e a bem da Humanidade, com tamanho valor, nos últimos 30 anos da existência, que merecera carinhosa proteção dos orientadores de mais alto..."

Do livro Evolução em Dois Mundos, de André Luiz, retiramos o seguinte trecho:  "Criminosos que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida íntima, alimentando-as à custa dos próprios pensamentos desgovernados.

Caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os padecimentos das vítimas, como no dia em que as fizeram descer para o abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsidentes recordações.  Tiranetes diversos volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros...".
 
10. O Desencarne de seres Altamente Evoluídos

Os seres altamente evoluídos, como os Mestres e Santos, conseguem realizar por vontade própria o desligamento do seu corpo físico.  Se assim for a vontade do homem auto-realizado, ele pode se desligar do corpo com tal velocidade e de tal forma que as poderosas energias que circulam pelo seu corpo etérico são absorvidas pelo corpo cadavérico, mantendo por longo tempo o corpo coeso.  Esses seres nada sofrem porque não vivem na terra, mas mergulhados no na infinita consciência divina, eles não são mais iludidos por maya (a grande ilusão) e por isso partem para planos mais sutis, podendo habitar planos acima do astral.
 
11. A Nova Vida para os médiuns

Coloquei esse item por saber toda curiosidade e mistério que circundam aqueles que são médiuns. O médium não foge a nenhuma regra que expomos aqui. Ele está sujeito as mesmas energias de atração, apego e conduta. Contudo, a boa, má ou não utilização dos dons que recebeu influenciam e muito no que acontecerá após o desencarne.

O que utilizou de forma produtiva a sua mediunidade, ajudando os que sofrem receberá o benefício da intercessão dos que o amam e sentirá o valor das preces que receberá durante o período de desencarne.  O que não utilizou para nada a sua mediunidade estará sujeito ao seu apego e conduta, contudo, assim que sua consciência se dilatar ele sentirá uma frustração imensa por não ter utilizado o benefício QUE ELE SOLICITOU para ajudar o próximo.

O que utilizou a mediunidade com objetivos egoístas e para benefício próprio fica entregue aos espíritos de baixo padrão com que se afinizou durante a vida. Muito provavelmente será explorado de todas as formas possíveis, pois os espíritos que durante a sua vida atenderam seus pedidos, agora se acham no direito de utilizá-lo da maneira que acharem melhor.
 
12. As sensações físicas, vícios após a Morte – A nova vida dos viciados

O título aqui não fala somente sobre os viciados em Álcool, Fumo ou Drogas, também estão envolvidos os que são apegados a qualquer tipo de “sensação” experimentada na terra.

Os desejos estão no espírito e não no corpo físico, por isso, a maior parte dos recém-desencarnados continua sentindo os "desejos" físicos, sejam eles a fome, a sede, as compulsões, a sexualidade e etc. Ramatís nos fala de forma clara sobre isso no livro Fisiologia da Alma :

"...Na verdade, os vícios terrenos não devem ser encarados como "pecados" ofensivos a Deus, mas apenas como grandes obstáculos e empecilhos terríveis que, em seguida à desencarnação, se transformam em uma barreira indesejável mantendo o espírito desencarnado sob o comando das sensações inferiores..."

Embora fumar ou beber não represente sofrimento para os espíritos após a morte, o vício o incomodará. Sendo uma alma amorosa e com algum discernimento espiritual, ela sofrerá da abstinência como qualquer outro espírito e terá que escolher entre os dois possíveis caminhos dos viciados após a morte:

- Lutar contra si mesmo e abandonar o vício, mesmo que esse o acompanhe por algum tempo.

- Se tornar um vampiro das emanações geradas por encarnados. Encarnados viciados em cigarro enviam para o astral, da quebra das toxinas, elementos tóxicos, que são absorvidos por esses ObsessoresVampiros. Como a absorção do vampiro é menor e o seu vício é tão intenso quanto o do encarnado, ele o estimula a cada vez tragar ou ingerir mais elementos tóxicos. Os viciados em sexo também emanam energias de baixo padrão que são absorvidas pelos ObsessoresVampiros das sensações sexuais e assim temos toda sorte de atração entre viciados encarnados e vampiros que se afinizam com aquele tipo de vicio.

Em vários livros podemos constatar a dificuldade dos espíritos recém-libertos de se desvencilhar do condicionamento físico, sejam os vícios da sede, forme ou sexo. Conforme o espírito vai se desligando da sua última encarnação e dos laços físicos, o seu teor vibratório muda e com isso as sensações vão se extinguindo ou conseguem pelo menos ser controladas, tudo vai depender do esforço e grau de evolução do espírito, não existe regra.

As toxinas aderidas ao corpo através, por exemplo, do fumo "grudam" no períspirito, ou como chamamos também, corpo astral. Essas toxinas vão dificultando o contato com os corpos superiores e com os amigos de mais alto padrão vibratório. O espírito tem dificuldade de contato superior e além disso, está carregado de energias tóxicas.

Quando ele desencarna, essas energias continuam "grudadas" no corpo astral, elas precisam ser expurgadas.

Alguns moribundos ficam acamados dias, as vezes meses. Embora isso seja muito difícil para ele e para a família, esse tempo hospitalizado PODE ser utilizado como uma benção, para expurgar as energias deletérias agregadas ao corpo espiritual.

Se o espírito tem um coração puro e é merecedor da ajuda espiritual podem acontecer coisas interessantes como a que li em um livro que não me lembro o nome, onde uma senhora, merecedora de carinho infinito por muitos, recebeu a proteção espiritual depois do desencarne até que seu corpo espiritual expurgasse as toxinas aderidas por causa do seu vício.

Vale lembrar que são poucos os casos de pessoas que conseguem manter o padrão vibratório alto, tendo um vício, para a maioria dos casos a morte vem como um BASTA para o seu vício e isso não é muito bem aceito.

É importante o espírito encarnado entender as conseqüências do seu vício, porque hoje ele é obsediado, mas amanhã ele se tornará o obsessor.

Retiramos o trecho abaixo do livro Mensageiros, de André Luiz para uma meditação sobre o desregramento de muitos durante a vida:

 " - Notam-se, de fato, grandes lacunas na expressão mental do moribundo. Vê-se que atravessou a vida humana obedecendo mais ao instinto que à razão. Observam-se-lhe no mundo celular vastos complexos de indisciplina. Poderemos, contudo, ajudá-lo a desvencilhar-se dos laços mais fortes, no que se refere ao círculo carnal.

- Será um caridoso obséquio — redargüiu a genitora, aflita.

- A irmã está incumbida de encaminhá-lo? — perguntou o instrutor, compreendendo a magnitude da tarefa. — Precisamos ponderar, quanto a isto, porque o desprendimento integral se verificará dentro de poucos minutos.

Ela esboçou um gesto triste e respondeu:

- Desejaria sacrificar-me ainda um pouco por meu desventurado Fernando, mas apenas obtive permissão para socorrê-lo nos seus últimos instantes. Meus superiores prometem ajudá-lo, mas aconselharam-me a deixá-lo entregue a si mesmo durante algum tempo. Fernando precisa reconsiderar o passado, identificar os valores que, infelizmente, desprezou. As lágrimas e os remorsos, na solidão do arrependimento, serão portadores de calma ao seu espírito irrefletido. Grande é o meu desejo de conchegá-lo ao coração, regressando aos dias que já se foram; todavia, não posso prejudicar, com a minha ternura materna, a marcha do serviço divino. Fernando, em verdade, é filho do meu afeto; contudo, tanto ele como eu, temos contas com a Justiça do Eterno e, no que respeita a mim, estou cansada de agravar os meus débitos.
 
Não devo contrariar os desígnios de Deus. "

Do livro Evolução em Dois Mundos, de André Luiz, retiramos o seguinte trecho:
 " ... e os viciados de toda sorte, quais os dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização psicossomática as cargas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais se localizam em plena alienação.".
 
13. O Apego ao Corpo físico

Esse tópico é parecido com o anterior, contudo, sobre esse tema encontrei o fascinante trecho no livro Nosso Lar, de André Luiz:

"Regressando ao contacto direto com os enfermos, notei Narcisa a lutar heroicamente por acalmar um rapaz que revelava singulares distúrbios.

Procurei ajudá-la.O pobrezinho, de olhos perdidos no espaço, gritava, espantadiço:  - Acuda-me, por amor de Deus! Tenho medo, medo!...  E, olhar esgazeado dos que experimentam profundas sensações de pavor, acentuava:  - Irmã Narcisa, lá vem "ele"!, o monstro! Sinto os vermes novamente!  "Ele"! "Ele"!. . . Livre-me "dele" irmã! Não quero, não quero!...

- Calma, Francisco - pedia a companheira dos infortunados -, você vai libertar-se, ganhar muita serenidade e alegria, mas depende do seu esforço.  Faça de conta que a sua mente é uma esponja embebida em vinagre. É necessário expelir a substância azeda. Ajudá-lo-ei a fazê-lo, mas o trabalho mais intenso cabe a você mesmo.  O doente mostrava boa-vontade, acalmava-se enquanto ouvia os conceitos carinhosos, mas volvia à mesma palidez de antes, prorrompendo em novas exclamações.

- Mas, irmã, repare bem... "ele" não me deixa. Já voltou a atormentarme! Veja, veja!...- Estou vendo-o, Francisco - respondia ela, cordata -, mas é indispensável que você me ajude a expulsá-lo.  - Este fantasma diabólico!... - acrescentava a chorar como criança, provocando compaixão.  - Confie em Jesus e esqueça o monstro - dizia a irmã dos infelizes, piedosamente -, vamos ao passe.  O fantasma fugirá de nós. E aplicou-lhe fluidos salutares e reconfortadores, que Francisco agradeceu, manifestando imensa alegria no olhar.  - Agora - disse ele, finda a operação magnética -, estou mais tranqüilo.

Narcisa ajeitou-lhe os travesseiros, mandou que uma serva lhe trouxesse água magnetizada.  Aquela exemplificação da enfermeira edificava-me. O bem, como o mal, em toda parte estabelece misterioso contágio.  Observando-me o sincero desejo de aprender, Narcisa aproximou-se mais, mostrando-se disposta a iniciar-me nos sublimes segredos do serviço.

- A quem se refere o doente? - indaguei, impressionado. Está, porventura, assediado por alguma sombra invisível ao meu olhar?  A velha servidora das Câmaras de Retificação sorriu carinhosamente e falou:

- Trata-se do seu próprio cadáver. 
- Que me diz? - tornei, espantado.
- O pobrezinho era excessivamente apegado ao corpo físico e veio para a esfera espiritual após um desastre, oriundo de pura imprudência.

Esteve, durante muitos dias, ao lado dos despojos, em pleno sepulcro, sem se conformar com situação diversa. Queria firmemente levantar o corpo hirto, tal o império da ilusão em que vivera e, nesse triste esforço, gastou muito tempo. Amedrontava-se com a idéia de enfrentar o desconhecido e não conseguia acumular nem mesmo alguns átomos de desapego às sensações físicas. Não valeram socorros das esferas mais altas, porque fechava a zona mental a todo pensamento relativo à vida eterna. Por fim, os vermes fizeram-lhe experimentar tamanhos padecimentos que o pobre se afastou do túmulo, tomado de horror. Começou, então, a peregrinar nas zonas inferiores do Umbral; no entanto, os que lhe foram pais na Terra possuem aqui grandes créditos espirituais e rogaram sua internação na colônia.

rouxeram-no os Samaritanos, quase à força. Seu estado, contudo, é ainda tão grave que não poderá ausentar-se, tão cedo, das Câmaras de Retificação. O amigo, que lhe foi genitor na carne, está presentemente em arriscada missão, distante de "Nosso Lar".

- E vem visitar o doente? - perguntei.

- Já veio duas vezes e experimentei grande comoção, observando-lhe o sofrimento, discreto. Tamanha é a perturbação do rapaz, que não reconheceu o pai generoso e dedicado. Gritava, aflito, mostrando a demência dolorosa. O genitor, que veio vê-lo em companhia do Ministro Pádua, do Ministério da Comunicação, pareceu muito superior à condição humana, enquanto se encontrava com o nobre amigo que obtivera hospitalidade para o filho infeliz. Demoraram-se bastante, comentando a situação espiritual dos recém-chegados dos círculos carnais. Mas, quando o Ministro Pádua se retirou, compelido por circunstâncias de serviço, o pai do rapaz me pediu lhe perdoasse o gesto humano e ajoelhou-se diante do enfermo. Tomou-lhe as mãos, ansioso, como se estivesse a transmitir vigorosos fluidos vitais, e beijou-lhe a face, chorando copiosamente. Não pude conter as lágrimas e retirei-me, deixando-os a sós Não sei o que se passou, em seguida, entre ambos; mas notei que Francisco, desde esse dia, melhorou bastante. A demência total reduziu-se a crises que são, agora, cada vez mais espaçadas." 

Por Gustavo Martins/ Grupo PAS/ Facebook:Grupo Pensamentos de André Luiz


Nó do Afeto

Em uma reunião de pais, numa escola da periferia, a diretora incentivava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível.
Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e entender as crianças.

Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana.
Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava dormindo. Quando voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado.
Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família.

Mas ele contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.
Isso acontecia, religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.

A diretora ficou emocionada com aquela história singela e emocionante. E ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.

O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de um pai ou uma mãe se fazer presente, de se comunicar com o filho. Aquele pai encontrou a sua, simples mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo. Por vezes nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos do principal, que é a comunicação através do sentimento.

Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais que presentes ou desculpas vazias. É válido que nos preocupemos com os nossos filhos, mas é importante que eles saibam, que eles sintam isso. Para que haja a comunicação é preciso que os filhos ouçam a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afeto os sentimentos sempre falam mais alto do que as palavras.

É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o ciúme do bebê que roubou o colo, o medo do escuro.
A criança pode não entender o significado de muitas palavras, mas sabe registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio de afeto e carinho.

E você? Já deu algum nó afetivo no lençol do seu filho hoje?

Se você é um desses pais ou dessas mães que realmente precisam se ausentar do lar para prover o sustento da família, lembre-se que você pode encontrar a sua própria maneira de garantir ao seu filho a sua presença.

Você pode encontrar um jeito de dizer a ele o quanto ele é importante na sua vida e o quanto você o ama.
Mas lembre-se da linguagem do coração. Dessa linguagem que pode ser sentida, apesar da distância física.
E procure apertar os laços do afeto, pois estes são os verdadeiros elos que nos unem aos seres que amamos. Pense nisso, mas, pense agora! 

Redação do Momento Espírita com base em texto de autoria ignorada. Disponível no livro Momento Espírita v. 2, ed. Fep.

Mediunidade

MEDIUNIDADE COM JESUS

Mediunidade sem Jesus não vale a pena. Não cumpre sua função nem finalidade. Vamos além: Espiritismo sem Jesus não vale a pena. Assim como não valem a pena o centro e a tarefa espíritas sem Jesus. O Espiritismo é sobretudo a revivescência do Evangelho. Sem Jesus, de que vale ter curiosidade e mesmo conhecer? O que nós vamos fazer com o conhecimento que não ilumina? Que não transforma? O que faremos com as informações que não nos levam a cogitar de nossa melhoria e renovação? Conhecimento sem aplicação imediata na vida cotidiana é simples teoria. O conhecimento pode ser obtido em qualquer parte. É puro intelectualismo. Os Espíritas jamais devem perder o sentido da própria doutrina, daquilo que os trouxe até ela. O Espiritismo é o Consolador prometido. Não nos interessa uma doutrina que cogite apenas de verdades. Somos seres humanos imperfeitos, quase primitivos. Às vezes, nos esquecemos disso e trazemos nossa humanidade e suas limitações para dentro da Casa Espírita, para dentro do Espiritismo. Se não tomarmos cuidado, essas limitações, que se expressam em interesses egoísticos, podem sobrepor-se aos valores que precisamos conquistar, em prejuízo de nossa evolução moral e espiritual.


Sem Jesus, não vale a pena

Sabemos que estamos na Terra para aprender e evoluir moral e intelectualmente. Ao sairmos daqui, deveremos estar sempre em melhores condições do que quando aqui chegamos; intelectuais sim, mas, primordialmente, em melhores condições morais. Então repetimos: Espiritismo sem Jesus não vale a pena. O que é que nós vamos fazer com o conhecimento do perispírito, por exemplo? De que nos vale ser doutores a respeito do corpo espiritual? Às vezes, nos preocupamos muito com coisas como pontos energéticos (chacras) ou aura (“Qual será a cor da minha aura?”). Elas são importantes, mas não essenciais. Nossa transformação moral é mais importante. Para isso, precisamos do Evangelho de Jesus.

Com frequência, queremos saber o que fomos ou deixamos de ser no passado. É melhor não saber. Sinceramente, percamos toda e qualquer esperança de ter sido alguém melhor do que somos. Não fomos. Nós estamos em nossa melhor encarnação. É a nossa melhor oportunidade; que, aliás, se reveste de dupla responsabilidade por conhecermos a Doutrina Espírita. Através dessa doutrina, temos maior consciência de nós mesmos, de nosso passado, de nosso presente e de nosso futuro. Daí a maior responsabilidade pelos nossos atos.

O Espiritismo é uma doutrina muito clara. Ele nos ensina que somos donos de nossos atos e por isso devemos a nós mesmos aquilo que somos. Estamos ligados às pessoas certas, ocupando um corpo que atende às nossas necessidades de aprendizado. Por isso, eu não posso entender a mediunidade sem Jesus. Chico costumava falar que se tivermos de optar entre Kardec e Jesus, deveremos ficar com Jesus. Graças a Deus, não temos de fazer essa opção. Afinal, Kardec também optou por Jesus e a Doutrina Espírita, que ele codificou, é a revivescência do Evangelho. Estamos na Terra, portanto, para cuidar de nossa renovação, da construção do Reino de Deus dentro de nós. Não adianta ser apenas número na Doutrina Espírita. É muito importante que nos atualizemos sempre, porque fazemos parte de uma doutrina dinâmica, que evolui e se actualiza. Nossa fé precisa ser raciocinada. Por isso, precisamos estudar muito. Precisamos analisar cada acontecimento, cada fato que ocorre no mundo, à luz da Doutrina Espírita.


Mediunidade e médiuns
 
Essas reflexões tomam importância muito maior quando falamos de mediunidade. Basicamente, mediunidade é pensamento a pensamento. É entrar em sintonia. Não existe nenhuma técnica especial para nos sintonizarmos com a espiritualidade. Certa vez, um jornalista perguntou a Chico Xavier como ocorria o processo de recepção de um Espírito. Chico respondeu: “É o mesmo que você perguntar a uma laranjeira como ela produz laranjas; ela não vai saber responder porque ela só sabe que produz laranjas”. Ora, a laranjeira não sabe como produz laranjas. Se ela for se preocupar muito com o modo como produz e qual é o fenómeno que acontece para que ela produza laranjas, é possível até que ela não produza mais. O que isso tem a ver com mediunidade? Muito, principalmente com o problema do animismo. O médium não deve se preocupar com o fenómeno que ocorre quando ele se comunica com os Espíritos. Basta que acredite nessa comunicação e se entregue com fé à tarefa que assumir.

É lógico que o estudo e o conhecimento da Doutrina são importantes no fenómeno da mediunidade. Eles facilitam bastante o trabalho dos Espíritos. Isso, porém, não é tudo. A fé e o desejo sincero de auxiliar são muito mais importantes. Desenvolver a mediunidade significa desenvolver a sensibilidade. Chico caía em transe naturalmente. Ninguém seria capaz de dizer, se ele não estivesse apoiando a fronte com a mão esquerda, se era o Chico mesmo que escrevia ou se era Emmanuel escrevendo por meio dele. Tal a naturalidade!

O médium tem de se preparar para os Espíritos tanto quanto os Espíritos se preparam para o médium. Por isso, desenvolver a mediunidade implica cuidar da própria espiritualidade. Esse cuidado envolve intelecto, sensibilidade, percepção, maturidade do senso moral e, principalmente, bondade. É interessante pensar sobre isto: Chico Xavier teria sido exímio instrumento mediúnico? O que os Espíritos encontravam nele? Eles encontravam flexibilidade, maleabilidade e, sobretudo, afinidade de propósitos. Todo médium deveria perguntar-se: “O que eu pretendo na condição de médium?”. E deveria ser sincero na resposta. Se a resposta for servir à causa – às tarefas da causa – e não servir a si mesmo, então ele estará no caminho certo. A Doutrina Espírita é a doutrina do auto conhecimento. Ela conduz seu adepto a um mergulho em seu íntimo e ele aprende a se conhecer melhor naturalmente. A condição mediúnica favorece esse auto conhecimento porque nela o médium lida ao mesmo tempo com a realidade física e a realidade espiritual.

Herculano Pires definia Chico Xavier como um homem inter - existente. Com isso ele queria afirmar que Chico vivia entre os dois mundos. Nós, que convivíamos com Chico Xavier, nunca sabíamos se ele estava falando por ele mesmo ou se era com os Espíritos. Às vezes, a gente perguntava: “Chico, é você ou Emmanuel?”. Ele respondia: “Meu filho, nem eu mesmo sei”. Porque ocorre essa inter-existência? Porque os Espíritos sabem agir com subtileza. Uma prova disso são os casos de obsessão. Há pessoas que entram em determinados processos obsessivos e nem percebem.


Mediunidade e obsessão

Podemos dizer que mediunidade e obsessão são quase “unha e carne”. Atualmente existe muito mais obsessão na mediunidade do que mediunidade na obsessão. O objectivo do Espiritismo é nos ajudar a reverter esse processo e disciplinar o intercâmbio que fazemos naturalmente com o mundo espiritual. Certa vez, no Grupo Espírita da Prece, um rapaz perguntou: “Chico, o que devo fazer para desenvolver mediunidade?”. Atencioso como sempre, Chico respondeu: “Filho, procure frequentar uma casa bem orientada e estudar, ler e trabalhar sempre com muito amor”. Quando o rapaz saiu, Chico comentou: “Por que será que nunca me perguntam como desenvolver bondade?”.

Nós estamos muito distantes dos exemplos de Chico Xavier e mais próximos da mediunidade dele. Mais próximos do médium Chico Xavier do que do homem Chico Xavier. Se o médium era grande, o homem era muito maior. Chico Xavier não mentia nem era incoerente. Transparente, ele vivenciava o Evangelho no Centro Espírita como em toda parte. A serviçal de sua casa, por exemplo, podia arrumar todos os cómodos da casa, fazer o almoço, arrumar a cozinha. O banheiro, porém, era o próprio Chico que lavava. Ele não queria humilhar seu semelhante, impondo-lhe esse serviço. Finalizando, eu diria que, mais que ser médium, o importante é ser bom. Porque aquele que é bom não é médium dos Espíritos, ele é médium de Deus. Aquele que é bom é médium de Jesus diretamente, está em contato direto com o Divino Mestre. Desenvolver mediunidade, portanto, não é só querer intercâmbio com os Espíritos, porque esta parte de intercâmbio com os desencarnados é fácil; difícil é o intercâmbio com os encarnados. Sem exercitar primeiro o intercâmbio com os encarnados, ninguém consegue ser um bom instrumento para os desencarnados. Porque são os encarnados que nos afiam, como as pedras afiam a lâmina da faca. Há pessoas que dizem: “Eu adoro os Espíritos! Mas não aguento os espíritas!”. É preciso “aguentar” os Espíritas (e os não-Espíritas) se quisermos nos habilitar ao contacto com o plano espiritual superior. Cuidar da mediunidade é cuidar da própria espiritualidade. 

Fonte Jornal Eletrônico Flecha de Luz, n° 193/2012, palestra proferida por Carlos Alberto Baccelli
 

Qual é a maior provação da mediunidade ?

A verdade é que os mentores siderais só concedem a faculdade mediúnica para os espíritos que se prontificam a cumprir, leal e corretamente, na Terra, todos os preceitos e as normas necessárias para um aproveitamento espiritual a seu favor e da humanidade. No entanto, eles não podem prever a ganância, a vaidade, a subversão ou desonestidade dos seus pupilos quando, depois de encarnados, se deixam fascinar pelas tentações, vícios e convites pecaminosos que os fazem fracassar na prova da mediunidade.

Os espíritos endividados rogam aos técnicos siderais a sua hipersensibilização perispiritual, para então desempenharem um serviço mediúnico que os faça ressarcirem-se de seus débitos clamorosos do passado. Em geral, depois de encarnados, deixam-se influenciar pelas vozes melífluas dos habitantes das Trevas e passam a comerciar com a mediunidade à guisa de mercadoria de fácil colocação. Sem dúvida, quando percebem sua situação caótica espiritual, já lhes falta a condição moral e o potencial de vontade para o seu reerguimento ante o abismo perigoso. Ramatís - Livro Elucidações do Além.