PERGUNTA: - As
tradições antigas da magia afirmam que o Universo é uno: tudo que existe não
passa de parte de um "Todo" estupendo. Essa Unidade divina, acima das
religiões e religiosidade terrenas, nos assusta, pois a consideramos algo muito
abstrato e longe de nós, pessoas comuns. Agrava-se nosso distanciamento porque
sempre fomos levados a acreditar que esta ou aquela doutrina é a verdadeira. Se
não dispensamos um altar, uma vela acesa ao santo de fé, o passe magnético
semanal no centro, os cânticos, as defumações, as contagens de pulsos
magnéticos, o estalar de dedos, as preleções evangélicas, a água fluidificada,
as essências odoríficas, como aceitar um Deus imanifesto,
longe de nossas limitadas percepções?
RAMATÍS: - Vossa
incapacidade de compreender Deus em toda a sua plenitude é como a necessidade
da inércia e do atrito nos mundos inferiores, que servem para despertar poderes
latentes da alma.
Quando um mago tenta, pelo seu poder
mental, movimentar uma forma plasmada no Astral, encontrará resistência que
deve ser superada. As forças contrárias que o impedem de mover, pelo
pensamento, as formas sutis, são proporcionais à sua falta de controle mental.
Logo, o magista, antes do conhecimento das coisas mágicas, da manipulação das energias cósmicas, terá de educar a mente. Embora para o mago neófito isso pareça um mal, na verdade não é; a força de inércia das formas astrais é o que vai levá-lo a desenvolver o controle mental.
Assim, pode vos parecer um mal, na vida física, o atrito de vossos pés com o solo, nos momentos em que sentis dores pelas longas caminhadas; ou quando, ao levantar um fardo pesado, vossa coluna é fisgada de maneira quase insuportável. Tendes de fazer força para conseguir caminhar, pegar os objetos e movimentá-los. O esforço de superar o atrito e a inércia vos desenvolve habilidades. Inicialmente, quando pequenino, mal conseguíeis engatinhar; vede tudo que conseguis fazer agora.
O princípio da restrição funciona na
câmara de compressão, no cilindro e no pistão de vossos possantes automóveis; o
vapor é posto para trabalhar movimentando vossas embarcações; sem a força no
pedal não conseguireis andar de bicicleta, e sem o atrito do ar vossos modelos
de aeronaves não planariam, por mais potentes que fossem as turbinas.Portanto, o mal da inércia não é
verdadeiramente um malefício, mas uma necessidade do Universo manifestado em
que estagiais evolutivamente.
Vossa consciência precisa da força
contrária imposta pelas formas manifestadas em vossa dimensão existencial, sob
pena de alheamento do espírito enclausurado no corpo denso, que, do contrário,
não conseguiria perceber as nuanças da Criação em toda a sua potencialidade.As suas vibrações mais sutis passariam
despercebidas pela mente rebelde, qual cavalo solto em correria desenfreada.
As formas que auxiliam a ligação com a
Divindade, seja um altar, uma vela, uma imagem do santo de fé, a palavra de um
orador, o passe magnético, a água fluidificada, os cânticos, a música
instrumental, o pai velho com o galho de arruda, as contagens de pulsos e o
estalar de dedos, entre tantas outras, nada mais são do que meios, para vossa
sensibilidade embotada, de vos ligardes ao Divino, que não é propriedade de
nenhuma religião ou doutrina da Terra, mas de todas ao mesmo tempo. Deus em
todas está, por sua onisciência e onipresença, como afirmava nosso irmão maior,
Cristo-Jesus, que não participava de nenhuma crença doutrinária de antanho:
"Eu e meu Pai somos um". O Rabi não tinha necessidade de pontos de
apoio no mundo da forma para perceber o Criador incriado, em virtude da
amplidão de sua consciência, adquirida em encarnações passadas em muitos
planetas do Cosmo imensurável.
Livro “Vozes de Aruanda”, Espírito Ramatís, Babajiananda, Médium Norberto Peixoto – Ed. do Conhecimento
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